Eu estou aqui, sentado, sentindo a terra ainda receosa e gelada. Com os joelhos abraçados, a cabeça enfiada no vão que eles formam sem coragem de olhar para o que tenho ao redor e vivi muito tempo assim. Porém, agora, sabendo que a minha volta os ventos que rodopiavam foram incapazes de me retirar de minha posição contemplativa, eu sinto o sol queimando minha cabeça e costas e sou obrigado a erguer-me, com um pouco de desejo e alívio, para admirar o mar que quebrava a minha frente e eu jamais havia reparado. Posso levantar, bem devagar e sem ajuda alguma, apenas amparado pelo invisível, meu melhor de mim. Eu estou de pé, eu estou caminhando em direção a essa água infinita e misteriosa, oculta de suas verdades e, ao tocá-la, eu tenho a sensação de tocar na sua mão. É algo delicioso, mas ao mesmo tempo frio, já calejado pelo costume em estar pela metade.
Qualquer fio que teço novamente, usando essa água como linha, me leva a um lugar novo, mas acaba voltando a você e eu estar te contando isso é porque eu não consigo disfarçar, eu não consigo aprisionar nada em mim mais, parece que a escolha que fiz de ter me soltado me causou esse efeito colateral e só consigo ser eu mesmo agora. É como se máscaras não encaixassem mais, logo eu que estava acostumado e usar a frieza. Mas quando eu chamei, você sempre veio e então eu chamei mais e mais e eternas vezes, até que não fui mais ouvido. Eu estou de pé, eu estou tecendo novamente e a água espirala e abre fendas por onde saem maiores filetes e voam por direções adversas e eu sei que em breve terei que me cortar novamente para deixar sair de mim você aos poucos, que já se esgueirou pela minha corrente sanguínea.
Porque a sua prolixidade em qualquer ambiente me completa, eu que não sou muito de palavras. Em qual gota sairá você? A parte final de você e eu estarei livre, sem sangue já ou com muito pouco, esperando quem possa bombear mais em mim e me fazer eu de novo. Eu não posso ser infinito sozinho! Por que eu sempre preciso me refazer sem ajuda? E apreender as indicações de quem me ama, assim, no ar, e me esquivar da certeza de que irei me magoar novamente. Eu quero estancar, então, o corte, logo me arrependo de tê-lo feito e não quero te perder assim, com tanta dor, a dor de enfiar um estranho que não estava ouvindo a conversa, assim, de repente, enfiá-lo na minha carne e obrigá-lo a enxergar tudo o que meu corpo expulsa a força, em meio aos meus gritos e súplicas contra mim mesmo para que eu não faça isso e tenha você, ainda que não recebendo todo o calor que está pairando a minha volta, eu o envolveria e acobertaria você inteiramente, impedindo o infinito de sofrimento. Esse estranho precisa ver você gotejar, seu sorriso, seus olhos, seus trejeitos, sua boca, assim, se mexendo, seu cabelo, assim, exatamente assim como você não gosta, e tudo em você sendo retirado e tudo doendo e eu pedindo para não sair... Eu preciso desse amparo, de mais de um estranho, ou o mesmo realizando as várias perfurações que minha carne sensível ainda precisa e assim........
Eu fecho o ciclo de renovação em mim, posso nadar nessas águas, manchando-as com meu sangue para que ele desapareça no fundo do mar. Foi com você junto toda a minha alegria de ter te conhecido e todas as conversas doces, as palavras de ternura e os afagos e a raiva foi embora também e o amor está dormindo. O extremo de mim para amar, para odiar, para ferir-se, para ser feliz, todo junto foi como uma bomba atômica explodindo na minha mão e eu resisti a todos os golpes de lâmina afiada que você me deu, sempre com pena de mim, e eu me humilhando a cada passo, largando meu orgulho que é o que tenho de mais precioso e você não viu isso... Não viu que eu estava deixando até o meu orgulho de lado, isso eu jamais faria, mas o recuperei depressa e agora usarei isso contra você. Eu falhei em algum ponto, talvez em não ser tudo o que foi dito que eu seria. Eu preciso lutar contra o você que está em mim, o você que me magoa, eu preciso amar da maneira correta e estou querendo acabar comigo agora mesmo por ter chegado ao fim. Chegou ao fim. Eu não estou feliz, não consigo viver dos momentos felizes que tenho apreendido. Eu preciso do para sempre, eu anseio o eterno, o sólido, o inabalável e tudo o resto me parece pouco.
Eu me lembro de cada palavra. Eu me lembro de cada conversa e eu agora mesmo estou digitando sem poder parar porque se eu parar eu vou fazer de novo e eu achava que estivesse livre disso, mas eu não vou parar de digitar até que vá embora, precisa ir embora, mas agora, eu não , sei eu não sei porque está vindo com imensa força como meu coração palpita e minha mente só consegue embrar da última imagem, foi hoje mesmo, aquele tom de cor que nunc mais vai sair da minha cabeça e estou cansado com meus dedos doendo agora mesmo estão doendo meus dedos de tanta força que estou empregando para escrever isto aqui, mas eu não posso parar porque se eu parar eu posso acabar errando e eu prometi que não faria mais isso, mas a vontade é tão infinitamente intesa, mas eu quero ser mais que o infinito e parar com isso. Por que você está deixando que eu passe por isso, você não devia estar aqui para me proteger disso? Você não devia ser meu porto-seguro? Não foi para isso que tudo se deu? Eu não estou conseguindo aceitar e nem entender isso... Eu não sei mais e todo o meu corpo dói agoa, talvez se eu deitar eu conseguirei manter-me sem fazer isso e eu já me cejo indo lá e olhando fixamente e apenas olhando, vou ensaiar mas não vou fazer, eu juro que não, a casa está vazia e eu não posso, alguém tem que chegar neste momento, eu estou sozinho aqui e é isso. Eu estou indo lá, mas eu volto, eu esperonada eu volto. Com certeza eu volto eu sinto que pode ser a hora mas eu volto realmente estou sem coragem mas minhas mãos não aguentam mai... minhas costas e eu eu eu já volto.
Um pouco do enjoo permanece e a dor no peito também. Ela atravessa do peito até as costas, eu não sei o que ela é. Mas minhas mãos tremem agora pelo após. Quando entro em contato comigo, sem querer, eu pareço ser o que sou, ou não aguento o que tenho em mim e estou tentando aprender a controlar os efeitos disso. Mas eu estou tão cansado de tentar, e ter que fazer isso sozinho. O que me dói é que parece que o mundo sempre tem ajuda, mesmo não merecendo, mas eu não tenho. Eu não sei se mereço ou não, mas acho que eu poderia ter... Não é errado querer ter, acho que não é errado querer ser levantado por um braço enquanto o outro se apóia no chão para completar o reerguer-se. Eu sinto que fui levantado, mas fui largado e a queda assim era desnecessária. Abriu uma outra ferida que antes eu não tinha e esgarçou a outra que eu já carregava. Muito obrigado. Você salvou uma vida. Eu que salve a minha.
Só exausto. Apenas.
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Pareço não estar conseguindo manter a mesma linha quando escrevo. Será que estou assim tão fucked up? Estou reavaliando tudo, querendo sumir agora. Tudo extremamente desnecessário... estupidamente inútil, eu não vou conseguir aceitar, mas preciso e tenho que seguir. Deve ser este momento, estes momentos, eu vivo intensamente.
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