Agora, sentando meio reclinado e daqui a meio segundo novamente quase caindo para frente e de novo para trás, por horas, estagnado, pouso a atenção em minhas mãos que presenciaram tantos dias e noites. A pele, já quase desfeita, um pouco enfastiada de ser pele ainda, com marcas ao redor, pequenos pelos brancos aqui e ali. Meus olhos já não a percebem em tantos detalhes, mas a sinto assim, sinto-a tão em tantos níveis, a pele que não é mais como fora.
Mas o que sempre me desfez, agora não me atormenta mais, sinto-me confortável, sinto-me acomodado. Estou o que sempre nasci para ser e nunca mais preencher as minhas expectativas sobre mim mesmo. Agora não há expectativas, não há cobranças, meus medos e traumas, minhas opiniões e paranóias se adequam como nunca antes. Eu não busco voltar, estou onde sempre estive, mas mais autêntico do que nunca. Todo o nada faz sentido, a inércia é esperada, a ausência é mais do que apropriada.
Por que não sempre fui assim? Nunca estive tão perto da certeza da minha felicidade. Ela está há menos tempo de distância do que nunca. Eu me emociono, e desta vez não tem como ela não ser e será sem ser forçada, sem ser chamada. Será, porque é inevitável, é plena e também súbita. Neste momento, porém, devo ser o mais forte para não me antecipar e ir a ela, que venha, que me cubra e desfaça toda essa feiúra na qual imergi para me salvar... Com o tempo.
Nenhuma atenção, como antes, mas agora é justificável. Fracassar, como antes, mas agora nunca se pensaria de outra forma. Minha vida segue sendo o que tem que ser e pela primeira vez é tudo como deve ser. Eu recostei pela última vez. É improvável que eu consiga, mas, afinal, nem ligo mais. E não há nada para fazer hoje e nem amanhã e nem na semana que vem, muito menos mês que vem. E a deliciosa dúvida se haverá um ano que vem.
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