terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Reconstrução\ Sobre o Momento

Cada parte que é recortada cai, apodrecida, um pouco coberta de pele descamada. Por baixo, fios ainda ligam o tecido ensanguentado à nova pele, uma pele transparente, ainda nua. Ela se expõe aos poucos, se arrepia ao tocar o ar, se sente indigna de ser iluminada por qualquer luz, não sabe o que fazer ante qualquer olhar. Essa pele, uma pele que nunca ouviu sons com sinceridade, pela primeira vez assim, viva, carrega uma fagulha de vontade. Ela se alastra, seu desejo faz dela como um abraço há muito tempo reprimido, ela se espalha ao redor de si própria e vira a peça central, se torna a protagonista, não mais é uma, ela é. E sendo, ela não sabe como agir, não sabe interpretar o frio, o calor, a dor, o toque de outra pele, não sabe como se deixar levar, não sabe. Se sente tão pequena agora em sua totalidade, se sente vazia, mesmo tendo alcançado a grandiosidade. Ela não sabe mais como se chamar.
Ainda assim, mesmo sem saber bem do que precisa, mesmo sem ter certeza sobre o que quer, não achando certo que queira o que acha dever querer, ela existe. Pode ser que isso baste, pode ser que essa seja a resposta que tanto procura. 

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Esse texto foi o que iniciou tudo, mas coloquei-o no facebook e resolvi passar para o blog, porque ele está sendo um diário de sentimentos mesmo. Esse texto é de 7 de setembro de 2011, vou usar a data para marcar alguma coisa que estou pensando agora, mas não tem forma definida ainda em palavras. 

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Talvez seja que durante um momento, só ele importe. E nada do que construiu os que estejam nele envolvidos valha de nada. Pode ser que o momento se baste, que seja seu próprio começo, meio e fim, como num conto. Prefiro achar que ele seja como uma crônica, mais próximo, mais verossímil. E não perceber que o momento se refaz eternamente, mas espaçado; sendo incompleto, mas amplo e infinito dentro de sua característica mais particular que é a de ser desejado, não preceber isso pode ser fatal. Não compreender que o momento necessita ser ausente a maior parte do tempo, que ele necessita deixar-nos inquietos e saudosos, que ele necessita que o busquemos, nos angustia. 
Que profundo egoísmo e imaturidade querer que o momento perca sua essência mágica, tornando-o ordinário, tangível a nosso bel-prazer. Aprender a lidar com o que ele realmente é, sim, é a verdadeira beleza. E apenas assim pode-se tê-lo autêntico.
Mas e a paz de espírito? Pode ser que ela esteja em saber viver no tempo corrido sem ansiedade, sem querer, sem esperar que a vida se desdobre a nossos caprichos. Sabendo que qualquer gerador de felicidade só pode ser momentâneo. Vivemos de ilha a ilha, ficando mais leves a medida que seguimos, ou deveríamos ficar... Mas, em vez de querer, apenas ficar. E essa luta para compreender, esse esforço para se superar e todo o suor que brota do embate contínuo, o desgaste de tudo pode ser inútil. Inútil no final das contas.


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Esse é do dia 19 de setembro. Acho que eu estava começando a traçar metas para mim, mas ainda meio confuso sobre o que fazer. Não estou muito esclarecido hoje em dia, mas precisava compreender o que eu achava de momento. Isso continua sendo um sofrimento para mim, isso de momento. Eu quero aprender o que eu disse que deve ser feito. Eu estou devendo a mim mesmo postagens sobre temas que tenho medo de escrever sobre. Um eu já comecei e estou postergando por puro receio. Mas será a próxima postagem, tem que ser.

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