Esta postagem não chega a ser nada literário, com a licença do uso da palavra para classificar meus outros textos. É que eu sou mais poético quando tento expressar meus sentimentos no cerne, porque acho que o discurso mais prosaico não dá conta. Mas não é esse o caso, o fato é que eu estou muito intrigado como eu não tenho nenhum controle sobre as coisas que acontecem na minha vida. Sempre paro e observo o que aconteceu há alguns dias ou meses ou anos atrás e analiso fase a fase como que a pintar um muro e vejo que uma coisa se encaixou na outra, mas eu não tinha planejado isso. Pode parecer meio estúpido que eu trate esse fato como algo surreal, mas é que isso reforça a minha crença de que eu realmente não estou sozinho e tem alguém me guiando, deixando que eu sofra quando necessário, que eu passe por tribulações quando elas me forem benéficas. Posso falar sobre isso agora mais claramente e sem receio de me expor, porque sei que sou muito enigmático às vezes.
E o propósito de um blog é expor-se, não que eu não o faça, aliás, quase ninguém lê isso aqui mesmo, mas eu consegui sentir algo tão bom e, mesmo eu tentando frear isso, me consome de tal maneira que parece muito especial. Mas a diferença é que não é unilateral. Esse é o ponto no qual eu estava para chegar, é que me acostumei de certa forma a não receber nada, a não exigir nada das pessoas e apenas suprir suas necessidades e, assim, quando sou suprido sem nem ao menos precisar pedir, como devo me sentir? Claro que tenho medo, cautela, receio, ceticismo... Meus velhos amigos... Mas dia a dia eles estão sendo afastados, mesmo que eu os force a ficar, não sei, eles me protegem, sempre me protegeram, mas cobram um preço muito caro, que é o de eu me isolar, ficar paralisado, deitar na minha zona de conforto, abraçar minha solidão. Mas isso não tem sido suficiente, acho que eu mudei de tal forma que meu velho eu não cabe mais em mim, como se ele fosse muito menor do que eu sou agora e preciso de mais, muito mais, dar uma guinada na minha vida e, assim, esses velhos companheiros de quase 3 décadas tornaram-se obsoletos, é que, por costume meu, eles ainda estão se agarrando a mim veementemente.
Pode ser o momento de colocar tudo a prova, de descobrir se toda a teoria converge para esta hora. Parece que confiam que eu esteja pronto e este amor que não dói por nada intrínseco a ele mesmo, apenas por fatores externos, é algo do qual nem me lembrava mais. Estou maduro, estou mais velho, sou um homem agora e não se pode julgar meus sentimentos com base em devaneios adolescentes de um menino cru e totalmente influenciável como eu era da primeira vez. Não desmerecendo meus sentimentos de antigamente, mas faz quase 10 anos e ouso dizer que envelheci de experiência o que há pessoas de mais de 30 anos que não envelheceram ainda. Eu estou pronto para algo sublime, para algo vitalício e impávido, algo que é possível que desabroche em vários ramos e, desses ramos, floresçam almas que eu ainda nem conheço ou me foi dado esquecer. Estou muito emocionado agora e sem a sensação de estar sendo infantilizado e cheio de utopias, porque mantenho os pés no chão. Toda a falsidade que me circundava dissipou-se e eu vi a verdade, não vislumbrada, ela foi vista, sentida, acariciada, beijada, absorvida. Como posso eu haver conjugado tudo em perfeito momento? Não pode ter sido eu.
Então agora eu me sinto mais seguro, sabendo que é um amparo que me resguarda de errar sem rumo. Há um rumo, há um compromisso e um objetivo e parece tudo estar dando tão certo... Pode ser que chegue a hora em que eu tenha que sacrificar de vez as âncoras que me respaldam... Eu já fiz isso uma vez, eu me lembrei agora. Há muito tempo, além da vida humana... Eu fiz isso que parecia uma loucura juvenil e eu sei que fui feliz e quem teria a grandeza de me incentivar? A minha felicidade nas minhas mãos, com os meus pés no chão... Eu morri por ter amado uma vez, isso está gravado em mim. Não deveria eu, então, recusar isso com todas as minhas forças? Eu abraço, ao invés, porque eu palpito de amor, transbordando por todos os meus poros, ansiosos por serem expandidos até que eu possa banhar-me todo em minha essência. Sim, a essência que eu carrego, que é lasca flamejante da origem imaterial de onde fui gerado, essência planetária, cósmica, amor universal.
Medo, cautela, receio, ceticismo: velhos amigos.
ResponderExcluirMas nem todos os velhos amigos vêm para ficar. Alguns vão-se depois de cumprido o seu papel - é qdo nós dizemos adeus a eles e abrimos os braços para os novos amigos.